sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sorriu quando descobriu que o que lhe parecia tão ruim era, no fundo, muito bom. Pulou na cama como se tivesse cinco anos de idade. Lembrou de quando caminhara na rua há instantes, na volta da padaria, com leite e pão nas mãos. Sorriu, sorriu. Estava feliz, podia jurar a si mesma. Mas, como? Como se ela mesma achava que não nunca mais? Qual o nome disto que acontecia? Engano! Isso! Enganara-se e perdera semanas largada na cama, fazendo papelão, ligando e, logo depois, ficando muda...ela, logo ela que tinha voz. Sim! Ela tinha uma voz tamanha. Voz. Assim: voice, stimme, voix, voce. Língua, voz. Língua. Língua. Ela tinha língua, tinha voz, ela era também corpo, corpo, corpo. E de repente olhara para o espelho e vira o sorriso dele. Dele que não era M. Dele que era jovem como ela ainda era. Mas porque motivo imaginou durante tanto tempo que envelhecera tanto? Ela estava feliz.

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